Princípios de Design do Governo Digital

1. Comece com as necessidades (do cidadão, não do governo) – O processo de design deve começar com a identificação das necessidades reais do usuário. Devemos criar em torno disso – não da forma como é o atual “processo oficial”. Devemos entender essas necessidades completamente – pesquisa de dados, não apenas suposições – e devemos lembrar que nem sempre o que usuários pedem é o que eles precisam.

2. Faça menos – Governo só deve fazer o que só o governo pode fazer. Se alguém já está fazendo isso – coloque o link. Se podemos fornecer recursos (como APIs) que vão ajudar outras pessoas a construírem coisas – que seja feito. Devemos concentrar-se no núcleo irredutível. (…) O Governo deve oferecer informações sobre impostos e não sobre criação de abelhas.

3. Faça design com dados – Normalmente não estamos começando do zero – usuários já estão usando nossos serviços. Isto significa que podemos aprender com o comportamento do mundo real. Devemos fazer isso, mas devemos ter certeza de que esse seja um processo contínuo de desenvolvimento – protótipos e testes com usuários reais na web. (…) Esta é a grande vantagem de serviços digitais – podemos observar e aprender com o comportamento do usuário, moldando o sistema para atender o que as pessoas fazem ao invés de forçá-las a usar um sistema que inventamos.

4. Faça o trabalho difícil para torná-lo simples – Fazer algo parecer simples é fácil; fazer algo simples de usar é muito mais difícil – especialmente quando os sistemas envolvidos são complexos – mas é o que devemos fazer. Com grande poder vem grande responsabilidade – muitas vezes as pessoas não têm escolha a não ser utilizar nossos serviços. Se não trabalharmos duro para torná-los simples de usar estamos abusando desse poder e desperdiçando o tempo das pessoas. (…) O sistema de licença maternidade é um bom exemplo de como tornar simples algo complicado. O código (…) está disponível no GitHub.

5. Faça iterações. E então faça novamente – A melhor maneira de criar serviços eficazes é começar pequeno e iteragir continuamente. Publique Produtos Mínimos Viáveis, teste com usuários reais, passe do Alpha para o Beta e para o Lançamento, adicionando recursos e aperfeiçoamentos com base no feedback de usuários reais. Iteração reduz o risco. Torna grandes fracassos improváveis e transforma pequenas falhas em lições. Isso evita as 200 páginas de especificações. Isso, novamente, é a principal vantagem do digital: não estamos construindo pontes – as coisas podem ser desfeitas.

6. Construa para inclusão – Design acessível é um bom design. Devemos construir um produto que é tão abrangente e legível quanto possível. Se tivermos de sacrificar a elegância – que assim seja. Não devemos ter medo do óbvio, não devemos tentar reinventar convenções de web design e devemos definir claramente as expectativas. Estamos projetando para todo país – não apenas para aqueles que estão acostumados a usar a web. Na verdade, as pessoas que mais precisam dos nossos serviços são aquelas que tem mais dificuldade em utilizá-los. Se pensarmos nessas pessoas desde o início, faremos um site melhor para todos.

7. Entenda o contexto – Não estamos projetando para uma tela, estamos projetando para pessoas. Precisamos pensar no contexto que os usuários utilizam nossos serviços. Eles estão em uma biblioteca? Eles estão em um telefone? Eles só sabem utilizar o Facebook? Nunca usaram a web antes? Estamos projetando para um grupo muito diversificado de usuários com diferentes tecnologias e necessidades. Precisamos ter certeza das circunstâncias tecnológicas e práticas em que nossos serviços são utilizados. Caso contrário, corremos o risco de criar serviços bonitos que não são relevantes para a vida das pessoas.

8. Construa serviços digitais e não sites – Nossos serviços não começam e terminam no site. Pode começar em um site de busca e acabar no posto dos correios. Precisamos projetar para isso, mesmo sem ter controle sobre todo processo. (…) Isso não é sobre sites, deve ser sobre serviços digitais. Hoje, a melhor maneira de oferecer serviços digitais é através da web – mas isso pode mudar, mais cedo do que podemos esperar.

9. Seja consistente, não uniforme – Sempre que possível devemos usar a mesma linguagem e padrões de design – isto ajuda as pessoas a se familiarizar com nossos serviços. Mas quando não for possível, devemos nos certificar que nossa abordagem é consistente. (…) Esta não é uma camisa de força ou um livro de regras. (..) Não temos como imaginar todos os cenários e escrever regras para isso. Cada circunstância é diferente e deve ser abordada em seus próprios termos. O que une as coisas, portanto, deve ser uma abordagem consistente – uma que os usuários venham a entender e confiar.

10. Faça coisas open source: isso as torna melhores – Devemos compartilhar o que estamos fazendo sempre que pudermos. Com colegas, usuários e com o mundo. Compartilhe códigos, design, ideias, intenções e falhas. Quanto mais olhos em um serviço melhor ele fica. (…) Em parte, porque muito do que estamos fazendo só é possível por causa do código aberto e da generosidade da comunidade de web design. (…) Mas principalmente porque essa abertura torna os serviços melhores – mais compreendido e mais analisado. Se nós damos o nosso código, vamos ser reembolsado com um código melhor. É por isso que nós estamos dando tudo isso…

Tradução livre de Government Digital Service
Design Principles