Setor de Tecnologia do DF sofre com crise financeira

A crise financeira que assola o Governo do Distrito Federal (GDF) atinge em cheio, por tabela, diversos setores da economia local, que se veem sufocados pelo prolongado calote público imposto a inúmeras empresas do DF.

Um dos segmentos mais prejudicados com essa realidade é o de Tecnologia da Informação (TI), que já enfrenta uma onda de desemprego. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Serviços de Informática do Distrito Federal (Sindesei-DF), Charles Dickens, o GDF não paga as empresas desde janeiro de 2015. 

Muitos profissionais de TI estão desempregados.


“No primeiro trimestre de 2015 já foram perdidas quase 3.200 vagas por demissão e cancelamento de projetos das empresas de TI do DF”, ressalta Charles. O valor devido chega a R$ 52 milhões e afeta 12 empresas de médio e grande porte. “Mas se fizermos uma pesquisa com as empresas menores, esse montante fica maior”, aponta o presidente.

Pode piorar


De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Penad Contínua), do IBGE, entre o primeiro trimestre de 2012 e o primeiro trimestre de 2015 a taxa de desemprego no Distrito Federal saltou de 8,7% para 10,8%, um aumento superior a dois pontos percentuais, o maior verificado no País. “Em alguns setores, como é o caso de serviços de informática, essa taxa chegou próxima ao patamar de 17% nesse período”, aponta Dickens.

A situação é crítica e o empresário acredita que ainda pode piorar. “Caso o Governo Federal, e principalmente o GDF, não voltem a cumprir suas obrigações contratuais em curso com as empresas de Tecnologia da Informação, nossa previsão é que no segundo trimestre de 2015 a taxa de desemprego setorial de serviços de TI alcance a casa dos 20%”, ressalta o presidente. “Enquanto esperam o pagamento, as empresas de serviços de TI não veem uma alternativa, senão o corte de despesas. E, infelizmente, a maior delas é a de pessoal”, lamenta.

Contratos


Para tentar frear o ritmo das demissões e minimizar a crise que o setor enfrenta, Dickens lembra que as empresas estão apelando ao GDF para que pague as empresas pelos serviços já prestados e materiais fornecidos. 

“As empresas celebraram contratos com o GDF, e não com a administração deste ou daquele governado. As empresas prestaram os serviços previstos e forneceram o que foi contratado. Não pagar é quebra de contrato. O resultado é um só: demissão em massa para não ter que recorrer à Recuperação Judicial ou Falência.”, declara Charles Dickens.

Números


3,2 mil empregos foram perdidos nas empresas de TI de Brasília

2 mil lojas do comércio em geral fecharam as portas no DF 

15 mil comerciários foram demitidos neste ano no DF

537 lojas estão fechadas nas W3 Sul e Norte, segundo o Sindivarejista

“Por um pacto produtivo”

Representantes do setor produtivo de Brasília se reuniram com deputados distritais em um restaurante da Asa Sul, para discutir os problemas que os empresários têm enfrentado, além de sugerir propostas voltadas para alavancar a economia do DF. A reunião foi organizada pelo Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista).

O evento formalizou o “Pacto do Setor Produtivo por Brasília”, documento que reúne diversas propostas que visam reaquecer o setor do comércio. Edson de Castro, presidente do Sindivarejista, comentou o atual cenário econômico. “É extremamente preocupante, essa reunião é um pedido de socorro dos empresários para os deputados. Além de termos um visível aumento nos impostos, nos deparamos com a possibilidade de o GDF demitir concursados. Essa instabilidade em que nos encontramos atualmente é péssima para o comércio”, destaca Edson.

A preocupação do setor é refletida em números também apresentados por Edson Castro. “Duas mil lojas já foram fechadas em 2015 e quase 15 mil trabalhadores perderam o emprego. São quase dez lojas fechadas por dia, e o pior, diferente de outras épocas em que os empresários fechavam um negócio para começar um novo, isso não está ocorrendo. A empresa é fechada e não há uma nova que apareça no lugar”, lamenta o empresário. 

Problemas são muitos


No encontro com os distritais, os empresários pediram ainda soluções para problemas como falta de estacionamentos, mais segurança e agilização na liberação de alvarás para o comércio. 

Presente ao almoço, a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, disse que um pedido de socorro vindo por parte dos empresários não pode ser ignorado. “Por isso, nos reunimos aqui hoje para debatermos o que pode ser feito sem penalizarmos a população”, afirmou Celina.

A deputada informou que a Câmara já está preparando algumas sugestões para ajudar o setor empresarial e destacou a necessidade de um maior diálogo com a categoria. 

“Não podemos, por exemplo, aprovar impostos que acabem prejudicando o desempenho do setor. Devemos ter os empresários próximos a fim de tomar decisões que sejam benéficas e que possam resgatar Brasília da atual crise em que se encontra”, declarou.

Ficou decidido que haverá uma nova reunião com outros distritais. O  documento com as propostas do grupo será encaminhado ao governador Rodrigo Rollemberg em junho.

Confiança dos empresários ainda é baixa
A confiança do empresário continua baixa em maio, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), medido pela Confederação, ficou praticamente estável este mês frente a abril, com alta de 0,1 ponto, chegando a 38,6 pontos. O dado ficou abaixo dos 50 pontos, o que indica falta de confiança do setor na economia do País.
O estudo revela ainda que o índice está 9,4 pontos abaixo do registrado em maio do ano passado e 17,6 pontos também abaixo da média histórica, de 56,2 pontos.
O Icei avalia a percepção dos empresários quanto às condições atuais e às expectativas diante da economia em geral e da própria empresa. A CNI mostra nesta edição do Icei que a avaliação com relação à economia brasileira permanece mais negativa do que a das empresas.

Consumidores seguram o bolso
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) registrou 96,4 pontos em maio, queda de 6,3% na comparação com abril e 21,2% em relação a maio de 2014, anunciou ontem a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Pela primeira vez desde o início da série histórica, o ICF entrou na zona negativa, abaixo de 100 pontos.
Segundo a CNC, todos os quesitos ligados a consumo (Nível de consumo atual, Perspectiva de consumo e Momento para duráveis) estão na zona negativa.
Apenas os quesitos relacionados ao emprego (Emprego atual e Perspectiva profissional) ainda estão acima de 100 pontos, mas com tendência de queda, tanto na comparação mensal, quanto na anual. O porcentual de famílias que se sentem mais seguras em relação ao emprego atual é de 37,2%. No mês passado, estava em 40%, de acordo com a confederação.
Além disso, as famílias também avaliam piora nas perspectivas em relação do mercado de trabalho, com queda de 3,9% em comparação ao mês anterior, e de 9,5% ante maio de 2014. 

Indústria reduz emprego


A indústria completou, em março, três anos e meio de demissões, e hoje emprega o menor contingente de trabalhadores em toda a série histórica da pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em dezembro de 2000.
Em alguns setores, as dispensas de trabalhadores são realidade há mais tempo. O segmento de vestuário está há quase cinco anos diminuindo o quadro de funcionários, enquanto têxtil, calçados e couro se aproximam dos quatro anos no vermelho.
Na indústria geral, são 42 reduções seguidas na comparação com igual mês do ano anterior. Em março, o recuo de 5,1% nesta comparação foi o mais intenso desde outubro de 2009 e levou o emprego ao menor nível já registrado em toda a série, iniciada em dezembro de 2000.
O quadro geral da indústria é mais desfavorável até do que durante a crise de 2008/2009, quando a queda brusca na produção havia deixado os trabalhadores na indústria na pior situação até então. “A produção precisa de uma sequência consistente de taxas negativas para impactar o emprego, o que vemos agora”, explicou Rodrigo Lobo, técnico da Coordenação de Indústria do IBGE.
Em março, a produção acumulou a 13ª queda seguida em comparação a igual mês do ano anterior, algo inédito na série.

Saiba mais

A fabricação de equipamentos eletrônicos também tem reduzido o número de funcionários. Em 2014, o setor teve um bom momento, diante da demanda aquecida por televisores no período pré-Copa do Mundo. Agora, com o menor apetite das famílias por bens duráveis, os fabricantes dispensaram operários.

Inadimplência cresce 12,2%

 O indicador de inadimplência do consumidor da Serasa Experian avançou 1,8% em abril, na comparação com março. O resultado representa uma aceleração, após uma ligeira alta de 0,2% em março e uma retração de 0,9% em fevereiro. Em relação a abril do ano passado, a alta foi de 12,2%. No primeiro quadrimestre do ano, o índice foi de 14,9%.

Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

Autor:

Um cara único no mundo, pelo menos no jeito de pensar e agir.

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